domingo, 8 de setembro de 2024

O Primeiro Concílio em Jerusalém

 O Primeiro Concílio em Jerusalém, também conhecido como o Concílio de Jerusalém, é descrito em Atos 15 e foi um marco importante na história da igreja primitiva. O evento aconteceu por volta do ano 49 d.C. e teve como objetivo resolver um conflito crucial: se os gentios (não judeus) que se convertiam ao cristianismo precisavam ou não seguir as leis do judaísmo, especialmente a circuncisão.

Contexto:

Nos primeiros anos após a ascensão de Jesus, o cristianismo ainda estava fortemente ligado ao judaísmo, e muitos dos primeiros cristãos eram judeus que seguiam as leis de Moisés. À medida que o evangelho começou a ser pregado a gentios (não judeus) por apóstolos como Paulo e Barnabé, surgiu uma questão importante: os convertidos gentios precisariam adotar as práticas judaicas, como a circuncisão e a observância da Lei de Moisés, para serem salvos?

O Problema:

Alguns cristãos judeus (chamados "judaizantes") acreditavam que era necessário que os gentios fossem circuncidados e seguissem a Lei de Moisés para se tornarem verdadeiros cristãos. Eles começaram a pregar isso nas igrejas gentias, o que causou tensão e confusão entre os novos convertidos.

A Reunião:

Paulo e Barnabé, que pregavam aos gentios, discordavam dessa posição. Para resolver a questão, eles foram a Jerusalém para se encontrar com os apóstolos e os anciãos, incluindo Pedro e Tiago, o irmão de Jesus, para discutir o assunto.

Os Debates:

No concílio, houve muita discussão. Alguns cristãos de origem farisaica insistiam na necessidade da circuncisão para a salvação. Pedro, então, falou sobre como Deus havia mostrado que não fazia distinção entre judeus e gentios ao conceder o Espírito Santo a ambos os grupos sem exigir a observância da Lei de Moisés. Ele relembrou sua própria experiência com a conversão de Cornélio, um gentio, em Atos 10.

Em seguida, Paulo e Barnabé compartilharam os sinais e maravilhas que Deus estava realizando entre os gentios, confirmando a aceitação deles por Deus.

A Decisão de Tiago:

Após ouvir os argumentos, Tiago, que era uma figura de liderança na igreja de Jerusalém, sugeriu uma solução. Ele concordou que os gentios não precisavam ser circuncidados ou seguir todas as leis judaicas, mas propôs que eles observassem algumas poucas restrições para promover a paz entre os cristãos judeus e gentios. As restrições eram:

  1. Abster-se de comida sacrificada a ídolos;
  2. Abster-se de imoralidade sexual;
  3. Não comer carne de animais estrangulados;
  4. Evitar o consumo de sangue.

Essa decisão foi aceita pelos apóstolos e anciãos, e eles enviaram uma carta às igrejas gentias explicando a decisão e confirmando que a circuncisão e a observância da Lei de Moisés não eram requisitos para a salvação.

Consequências:

O Concílio de Jerusalém foi um ponto de virada para o cristianismo. Ele estabeleceu que a salvação é pela graça, por meio da fé em Jesus Cristo, e não pela observância da Lei de Moisés. Isso permitiu que o cristianismo se expandisse rapidamente entre os gentios, sem a necessidade de impor o judaísmo como um pré-requisito para a fé cristã.

Conclusão:

O Primeiro Concílio em Jerusalém solucionou uma questão teológica fundamental para a igreja primitiva: a inclusão dos gentios na fé cristã sem a necessidade de cumprir os requisitos da Lei de Moisés. Essa decisão abriu caminho para que o cristianismo se tornasse uma religião global, distinta do judaísmo, mas mantendo o respeito pelas raízes judaicas.

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